Foto por Kostiantyn Stupak em Pexels.com
Vou refletir sobre esse assunto e convido você para pensar sobre o antagonismo da palavra “favela” e “cidade inteligente”. Na primeira, refere-se a um local urbano irregular, residências improvisadas com madeira, o fornecimento de água e energia clandestina, sem tratamento de esgoto doméstico, locais apropriados para armazenamento ou coleta de lixo, casas aglomeradas, sem circulação de ar, entrada de raios solares, especificações essas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), intituladas de Aglomerados Subnormais, ou seja, uma doença social.
Atualmente as favelas são conhecidas ainda como as estruturas urbanas que superaram esses características, são chamadas de comunidades ou cidades, porém ainda sem urbanização adequada com becos ou vielas, ou com casas, boa parte de moradias que se tornaram “puxadinhos” de prédios, com uma engenharia clandestina. As residências ainda formam aglomerações, as ruas não têm calçadas, espaço para circulação de pedestre, espaço para circulação de carros, locais para estacionamento, e apesar de ter dias e locais específicos para colocar o lixo doméstico, facilmente encontra-se sujeiras espalhadas.
Não existe coleta seletiva de lixo doméstico e há alguns anos aumentou o número de locais que se tornaram ponto de lixo viciado, com descarte irregular de materiais. Há ainda um novo fenômeno nas favelas brasileiras que são as concentrações de festas irregulares nas ruas residenciais, poluição sonora, auto consumo de bebidas alcoólicas e drogas.
Uma estrutura urbana que favorece um ambiente sem leis, consequência do esquecimento do Poder Público com a favela, periferia e comunidade, determinando assim as “neuroses” sociais, construindo maus comportamentos, registros, imagens, paradigmas e crenças limitante ao valor humano. Essas mazelas trazem processos mentais inconscientes com o contexto, produzindo efeitos sobre os pensamentos e ações dos indivíduos. Por fim, o morador de favela tem outro desafio. A falta de garantia no pertencimento de seus bens materiais, depreciando ainda, a identificação de cidadania com o espaço, a garantia de segurança da população.
Agora, vamos para o segundo item de Cidade Inteligente. São, em geral, projetos urbanísticos que alinham avanços tecnológicos com o progresso social e ambiental, caracterizados pela utilização generalizada de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC’s), com o objetivo de melhorar a eficiência político-econômica e amparar o desenvolvimento humano e social, promovendo assim, a qualidade de vida de seus cidadãos.
Imagina as favelas brasileiras terem finalmente uma estrutura urbanística, casas e ruas com espaços harmoniosos, espaço culturais, residencias, comerciais e de entretenimentos adequados, coleta de lixo seletiva, energia limpa, conectividade, estacionamento, ou ainda bicicletas e carros compartilhados?
É sonho, utopia ou futurismo pensar que a estrutura urbana da favela, poderia se tornar uma cidade inteligente com crescimento econômico sustentável, elevada qualidade de vida e gestão consciente dos recursos naturais, por meio de uma governança participativa e democrática?
Eu afirmo que é uma possibilidade !