Foto por Anton Belitskiy em Pexels.com
Na infância, adolescente, juventude e há alguns anos na fase adulta, eu sempre sentia um vazio no período de fim do ano. Algo aliás, muito perturbador, pois além de não saber dar uma resposta ao que me afligia, parecia que eu era o único a me sentir assim e ainda me achava paranóico por pensar que as outras pessoas sentiam a mesma solidão que eu, mas estavam escondendo, e todos nós fingindo que estava tudo bem.
Se éramos um bando de personagens, eu não posso afirmar, mas “Feliz Natal”, “Ano Novo”, “Ótima passagem de ano”, entre outras palavras sentimentais, abraços daqueles que te traíram ou não te davam bom dia, fazia parte do período de fim de ano, onde essa percepção de vácuo existencial foi algo que até então eu sempre escondia, não me informava a respeito e não expressava com as pessoas próximas a mim.
Se você leitor, passou ou vivencia essa situação, eu te entendo completamente, e pretendo com esse texto, fazer uma pequena reflexão, esperando que possa ser uma forma de conhecimento e futuro apoio para você. Então, vamos lá?
Em resumo, após muita terapia, e agora finalizando uma parte do tripé psicanalítico, pude entender que as aflições que eu sentia e eram fortalecidas no fim de todos os anos, acontecia por conta de não me ser explicado, não ter acesso e também procurar conhecimento tardio, sobre as influências da sociedade e cultura em minha vida.
Por exemplo, foi me ensinado como natural eu me embebedar e estufar na gula de comida para comemorar o que eu não tive no ano todo. Era o momento de descarregar todas as tensões causadas ao longo de um ano repleto de desafios. Porém, do que adianta fazer isso em duas semanas, se no próximo 12 meses iria retornar a mazela? Por qual motivo não paramos para pensar em como mudar isso? Por qual motivo sou obrigado a festejar quando eu não tem motivo?
Meus pais, a escola e os meus vizinhos gostavam do papai noel, me fazendo também ter uma aproximação, anos depois eu descobri que ele não existia e me senti enganado. Se eu ligo à TV, o velho gordo está lá, se saio na rua, a roupa do papai noel aparece, se compro uma Coca-Cola, o “veio” está lá naturalmente fazendo parte da vida das pessoas. Aliás, na faculdade de comunicação que eu descobri como inventaram o papai noel e como ele foi parar na Coca-Cola. Se não conhece a história, dê um Google…
Bem, quando comecei a ir na igreja protestante me explicaram que o Natal significa nascimento, e é comemorado o nascimento de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, no passado esse período era uma adoração ao deus sol, e na bíblia não tem a data de nascimento de Jesus.
Certa vez, no Programa Silvio Santos, perguntaram qual era a data mais importante para o cristianismo, se o Natal ou à Páscoa, e eu respondi a primeira, me sentindo envergonhado, pois a resposta certa era a segunda, que já é uma data estigmatizada pelo coelho da páscoa – que eu também descobri mais tarde que não faz sentido com a comemoração cultural e religiosa.
Em geral, fiz parte do mal-estar na civilização, de Freud, do inconsciente coletivo de Jung, da Personalidade Neurótica de nosso tempo, de Karen Horney, da Identidade, Juventude e Crise, de Erik Erikson, entre outros autores que estou estudando, conseguindo corrigir, mudar e ter resultados positivos contra os dilemas internos.
Por fim, faça terapia, converse ou procure pessoas sérias e interessadas naquilo que te aflige, e use tudo o que for possível para o seu conhecimento.