O distúrbio é uma alteração nas condições físicas ou mentais de uma pessoa que afeta o funcionamento de sua rotina. Essa perturbação pode interromper ou afetar o desenvolvimento neurológico, o hábito alimentar, a interação social e anormalidades físicas. O “Distúrbio de Charlie Chaplin” é o termo que eu criei após assistir ao documentário “The Real Charlie Chaplin”, que apresenta através de diversas testemunhas, que o artista tinha medo de retornar a ser pobre, após uma infância e um contexto familiar miserável.
Charles Spencer Chaplin, nasceu em Londres, Inglaterra, em 16 de abril de 1889, data que me foi lembrada recentemente. O Seu pai era um vocalista e ator, e a sua mãe foi uma atriz e cantora. O pai de Chaplin, era alcoólatra e teve uma morte prematura, e a sua mãe foi considerada com problemas mentais na época, sendo internada em sanatórios. Antes de completar dez anos, Chaplin passou a infância nas ruas, orfanatos e casas de correção. Além de pedinte, trabalhou como barbeiro, faxineiro de teatro e figurante em peças, atuações profissionais que o direcionaram para longe da mazela social.
Um registro de dificuldade como esse, é como se fosse um corte profundo de um tecido muscular sem pontos. Está ali marcado, sangrando e machucando a sua essência e dando a sensação da morte, diante de sua condição. Ao reconhecer o medo de retornar a pobreza, e até, em não ser amado, Chaplin apresentou inconscientemente, através dos relatos dos personagens que conviveram com ele – principalmente as esposas, o quanto não acreditava de que iria sair de uma condição de vida desumana para a sua fase de desenvolvimento.

Sua sublimação foi transformar a dor em humor, onde encontrou talento, foi reconhecido e recebeu investimentos financeiros. Sorte ou Deus? Os dois? O momento certo com a pessoa certa? Isso é tema para outra reflexão, porém, Chaplin, conquistou algo não imaginado, mas para manter essa nova condição, e a imagem do seu personagem com chapéu-coco, bengala e bigode, em seu novo cenário de luxo, extravasou uma outra essência humana que muitas vezes aparece, aos que chegam nesse patamar: A opulência!
Charlie Chaplin era controlador, perfeccionista, depressivo, autoritário e assediador. Ele estava vivenciando e desejando, tinha poder financeiro e intelectual, queria manter esse novo mundo amando despretensiosamente ou sendo amado, ou ainda, fingindo, mas nas alturas, longe das favelas de Londres, mas na balburdia das orgias do estrelato de Hollywood.
Todos nós temos medo da pobreza e da miséria social. E é obvio da sua condição de vida inaceitável! Porém, é bem provável que dependendo da forma que nos distanciamos dessa estrutura – anos de trabalho, recebimento de uma herança ou processo judicial, ou ainda, ser contemplado nos jogos de azar atuais, nos tornaremos soberbos para descontar e esquecer as dificuldades de uma fase de vida. Na riqueza ou na pobreza, esteja com a terapia em dia…