Um levantamento recente da FGV Social revela que o aumento da escolaridade entre os brasileiros mais pobres nem sempre resulta em melhora significativa na renda. O estudo aponta que, embora a educação continue sendo um dos principais caminhos para a mobilidade social, outros fatores estruturais têm limitado o avanço econômico das famílias de baixa renda.
A pesquisa, divulgada neste mês, mostra que a proporção de pessoas em situação de vulnerabilidade que concluíram o ensino médio ou ingressaram no ensino superior aumentou nos últimos anos. No entanto, a renda dessas famílias não acompanhou o crescimento educacional. Segundo os dados, cerca de um terço das famílias mais pobres segue dependente de programas sociais, como o Bolsa Família, mesmo com níveis de escolaridade mais altos.

Outros estudos da FGV indicam que o país registrou uma leve redução na desigualdade social em 2024, impulsionada pelo aumento da renda do trabalho — especialmente entre os mais pobres. Ainda assim, especialistas alertam que a melhora conjuntural não é suficiente para garantir mobilidade social duradoura. A informalidade, a falta de acesso a empregos de qualidade e a concentração de renda entre os mais ricos continuam sendo barreiras centrais para a ascensão econômica das camadas mais vulneráveis.
A discussão sobre o tema ganha força também com uma pesquisa publicada pelo jornal Folha de São Paulo em 19 de outubro, que há 20 anos acompanha famílias beneficiárias do Bolsa Família em Jaboatão dos Guararapes (PE). O estudo reforça que o ambiente econômico e o acesso a oportunidades são fatores determinantes para romper o ciclo da pobreza — mostrando que educação, embora essencial, precisa vir acompanhada de políticas polícias, geração de renda, empresa e empreendedorismo que garantam inclusão produtiva e desenvolvimento regional.
