A taxa de crianças de 6 a 10 anos matriculadas na série adequada à idade ficou em 90,7% em 2024, praticamente igual à de 2023 (90,8%), mas ainda abaixo dos 95,7% registrados em 2019, antes da pandemia. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento utiliza a Taxa Ajustada de Frequência Escolar Líquida (Tafel), que considera alunos que frequentam a série correta para a idade ou que já concluíram essa etapa. A pesquisa não foi realizada em 2020 e 2021; em 2022, o índice havia sido de 91,9%.
A pesquisa também revela que 39,7% das crianças de até 3 anos frequentavam creches em 2024. A meta do PNE para essa faixa é de 50%. O índice, porém, é o mais alto desde o início da série histórica, em 2016, já na faixa de 4 e 5 anos, 93,5% das crianças estavam na pré-escola, também o maior patamar já registrado. A meta é a universalização. A principal razão para crianças estarem fora da escola é a decisão dos próprios responsáveis. Entre as de até 3 anos, 59,9% não frequentam creche por opção da família, e 33,3% por falta de vaga ou ausência de instituição. Na faixa de 4 e 5 anos, os percentuais são 48,1% e 39,4%, respectivamente.

A média de anos de estudo entre jovens de 18 a 29 anos chegou a 11,9 anos em 2024, acima dos 11,1 anos de 2016. A meta do PNE é 12 anos. O estudo apontou desigualdades: brancos têm média de 12,5 anos de estudo, enquanto pretos e pardos têm 11,5. Entre os jovens com os 25% menores rendimentos, a média é de 10,6 anos; entre os mais ricos, 13,5 anos. Entre estudantes de 11 a 14 anos, 89,1% estavam na série adequada em 2024, acima do nível pré-pandemia (87,4%). Apesar da melhora, o percentual ainda não atinge a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê 95% dos jovens de 14 anos com o ensino fundamental concluído.
Reflexo do atraso escolar foi percebido no projeto ” Ler e rua é brincar”

Durantes as edições do projeto “Ler e rua é brincar”, produzido pelo Clube do Livro da Biblioteca Municipal José Andere, em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo de Ferraz de Vasconcelos, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) , o evento na região central do munícipio de Ferraz, que atendeu um público de diversas cidades do Alto Tietê e São Paulo, observou que a faixa etária até 10 anos, de cada dez crianças, quatro tinham dificuldades em compreender alguns jogos de formação de palavras e sílabas.
Os jogos com classificação para crianças de até cinco anos, utilizado de forma lúdica e respeitando o tempo dos participantes, trazia uma demanda de apoio para compreensão de organizações de texto e imagem simples. Para o idealizador do projeto, Marcelo Barbosa, apesar do evento não ter um objetivo de pesquisa de comportamento, é constatado nas atividades, as dificuldades de aprendizagem. “O evento Ler e rua é brincar procura estimular a leitura com jogos e brincadeiras, onde encontramos diversas crianças curiosas pelas atividades, mas despreparadas para realizar a ação, algo que bate com o levantamento de atraso escolar da Taxa Ajustada de Frequência Escolar Líquida (Tafel)“, destacou.
Inspirado na célebre frase de Rubem Alves — “Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar” — o projeto Ler e rua é brincar tem como objetivo aproximar o público da leitura por meio da ludicidade. A programação conta com jogos educativos, atividades interativas, sorteios de brindes literários e uma roda de conversa com escritores regionais, membros do Clube do Livro, que irão compartilhar suas trajetórias e vivências com os participantes.

A ação busca contribuir para a reversão dos índices apontados pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), que revelam que 60% dos brasileiros não leem e mais de 40% perderam o interesse pelos livros. Em 2023, somente 16% dos adultos compraram livros, e a média nacional permaneceu em quatro obras lidas por ano, número abaixo do registrado em outros países. Desde sua criação, o projeto “Ler e Rua é Brincar” já impactou mais de 300 pessoas, entre crianças, familiares e educadores, incentivando o hábito da leitura de forma leve e envolvente.
