Em mais um rolê de carro, ouvindo rap nacional com os meus filhos Vinicius e Artur, 10 e 7 anos, inicia a faixa da música: “Eu Compro – Racionais MC´s”, onde eles começam a cantar bem alto: “Mamute favelado é “mó guela”, “mó guela”! Mamutute favelado é “mó guela”, “mó guela;!”, onde não aguentei a interpretação, e dei uma boa gargalhada com lágrimas. E o motivo é a letra original ser: ” Na mão de favelado é “mó guela”. Durante a viagem, tive que mostrar que eles estavam ouvindo e cantando algo diferente, e iniciou-se os questionamentos: – Pai, o que é mó guela? Expliquei que trata-se de uma gíria e … -Pai, o que é gíria? Apresentei que é uma linguagem informal ou forma de se falar de um determinando grupo de pessoas (porém, eles ainda apresentavam uma cara de dúvida). Fomos para o resumo de que na mão de favelado (eles já sabiam que favelado é uma condição de pobreza), na mão de pobre é mais difícil se encontrar oportunidades, – O que é oportunidade, pai? – É um acesso, o caminho que alguém tem ou deixa de ter diante de uma possível conquista, onde no caso da música, a letra apresenta que o pobre deseja usufruir da riqueza do mundo, porém, é difícil quando se oferece essa oportunidade para poucas pessoas da sociedade, por isso: ” Na mão de favelado é “mó guela”, ele é excluído e marcado com preconceitos, conforme já conversamos sobre esse tema anteriormente e… – E no pé do pobre, pai? (Questiona o mais novo) – É uma figura de linguagem, já estudamos sobre isso, lembra? A letra ” Não mão de favelado”, está representando não apenas uma parte do corpo, filho, mas representando a vida de uma pessoa, ter uma vida de pobreza, entendeu? E diante dessa situação encontrar forças para lutar, sonhar e viver, não apenas sobreviver. (Fizeram uma cara que entenderam e reinou um silêncio, onde continuei… ) – E o interessante, filhos, é que apesar de vocês entenderem “mamutes favelados” e não, “na mão de favelados”, o animal, vocês lembram que eles foram extintos por mudanças climáticas ou serem comidos? -Sim! (Gritaram). – Vida difícil desses animais, mó guela! – Mó guela (risadas). – Apesar desse fim, sabemos que os mamutes, com os outros animais, lutaram para viver. Conseguiram entender a mensagem que a música passa? – Sim! (Gritaram) Antes de encerrar o assunto… -Pai, nós somos pobres? -Sim, filho. – Mas, a gente tem carro?! (Questionou o mais velho) – Isso vai além de ter carro, filho, mas sobre ter e manter uma condição financeira em diversas áreas da vida, onde na atualidade não possuímos como precisamos ou desejamos. – Mas, pai?! – A mamãe enviou mensagem que o almoço está pronto, vamos… (Subindo morro e tocando ao fundo: ” Na mão de favelado é mó guela)
Dia Nacional da Biblioteca
O Dia Nacional da Biblioteca é comemorado no Brasil em 9 de abril. Esta data celebra a importância das bibliotecas como centros de conhecimento, cultura e acesso à informação. As bibliotecas desempenham um papel fundamental na promoção da leitura gratuita e no incentivo à educação continuada. Essa data foi escolhida em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, uma das mais importantes instituições culturais do país. Fundada em 1810, a Biblioteca Nacional possui um acervo vasto e diversificado, sendo referência para pesquisadores e leitores de todo o mundo. Em minha carreira como escritor, a biblioteca foi o meu primeiro palco, quando lancei o meu livro Favela no divã, na Biblioteca Municipal José Andere, em Ferraz de Vasconcelos, em um período de pós pandemia da covid-19, em 2021. E esse espaço foi escolhido por conta da representatividade que tem para mim. Quando jovem, era um dos meus lugares de refúgio contra a violência.
Um ano letrado
É de conhecimento que uma pessoa letrada é aquela que sabe ler e escrever, com a capacidade de utilizar a leitura e a escrita de acordo com as suas demandas sociais. O letramento é a habilidade de compreender, interpretar, organizar discursos, interpretar e compreender textos, refletir, entre outros. Enquanto o letramento se ocupa da função social da leitura e da escrita, alfabetização desenvolve a aprendizagem das letras e símbolos escritos. Ao longo do tempo, a escrita sofreu diversas transformações, onde o alfabeto fenício foi o primeiro alfabeto, criado entre os anos 1400 e 1000 a.C. Os fenícios relacionavam cada símbolo do alfabeto a um som, um lugar, um objeto ou um animal. Na China, a escrita evoluiu de uma escrita pictográfica para os caracteres chineses atuais, e na América Central, a escrita foi utilizada por diversas civilizações, entre elas os maias. Uma escrita sistematizada aparece somente por volta de 3500 a.C., quando os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Os registros cotidianos, econômicos e políticos da época eram feitos na argila, com símbolos formados por cones. Já a imprensa foi inventada por Johannes Gutenberg (1390-1468) no século XV, por volta de 1450. O alemão desenvolveu a prensa móvel, que usava caracteres móveis para imprimir palavras e frases em papel. A imprensa de Gutenberg foi baseada em prensas de vinhos e aprimorou a técnica de imprensa com tipos móveis, que já existia desde a China, mas eram feitos de porcelana. Gutenberg usou caracteres de chumbo, que eram gravados em blocos e rearranjados para formar palavras e frases. A invenção da imprensa teve um grande impacto na cultura e na sociedade europeia, permitindo a impressão em massa de livros e jornais. Um dos primeiros impactos foi a reprodução de traduções da Bíblia para línguas vernáculas. Já no Brasil, a impressão de documentos, periódicos e da produção literária só foi permitida no início do século XIX, com a vinda da família real portuguesa. Parte desse texto, organizado com informações da IA, e verificado com fontes oficiais, foi o alvo de uma simples pesquisa que eu fiz, para entender se eu sou uma pessoa letrada… De origem pobre, filho de nordestinos que não conseguiram estudar e morreram analfabetos, um ser que não entendia a escola e os estudos, que não foi para creche, pré-escola, passava de ano escolar pela presença física, e repetiu a oitava serie duas vezes, eu consegui desenvolver um letramento que vem me salvando para viver a vida social. Eu sou letrado. Que você seja letrado, que tenhamos um ano letrado!
Decreto restabelece garantia de tela para exibição de filmes nacionais em cinemas
O Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgaram a aprovação do decreto nº 12.323/2024, que trata da “Cota de Tela” para o ano de 2025, em cumprimento ao estabelecido na Lei 14.814/2024. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, ao lado da ministra da Cultura Margareth Menezes, o documento que foi publicado no Diário Oficial da União, na última sexta-feira (20/12), que prorroga e regulamenta a obrigatoriedade de exibição de filmes brasileiros no cinema. A Lei nº 14.814/2024, aprovada no ano passado, restabeleceu o mecanismo até 2033, exigindo a edição de um decreto presidencial para detalhar sua aplicação. Durante participação no programa Bom Dia, Ministra na última quinta-feira (19), Margareth Menezes destacou a importância da regulamentação. “Isso significa que teremos mais cinema brasileiro nas telas de cinema e na televisão. É uma regulamentação importante, que estava vencida há dois anos”, afirmou. A nova regulamentação introduz três mecanismos principais: A Agência Nacional do Cinema (Ancine) será responsável por regular as atividades de fomento e proteção à indústria audiovisual brasileira. Entre suas atribuições está o tratamento especial para filmes brasileiros premiados em festivais de relevância reconhecida e a permanência dessas produções em sessões de maior procura. A medida chega em um bom momento para os artistas do audiovisual, principalmente para os produtores independentes, oriundos das contemplações da Lei Paulo Gustavo, por exemplo, o Longa-Metragem “Favela no divã”, aprovado em Ferraz de Vasconcelos, com apoio do Governo Federal, com parceria e realização das WSM Produções.
53% dos brasileiros não leem livros, aponta Pesquisa Retratos da Leitura 2024
A edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura , apresentou que nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país. Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, a proporção de não leitores é maior do que a de leitores na população brasileira, em um total de 53% das pessoas não lerem nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa. Os dados foram divulgados na terça-feira, 19. A redução no percentual de leitores identificada na série histórica da pesquisa se deu em todos os perfis e segmentos pesquisados: por faixa etária, gênero, escolaridade, classe, renda e entre estudantes e não estudantes, onde apenas entre a população com 11 e 13 anos e com 70 anos ou mais não foi registrada redução no percentual de leitores. Ao se considerar somente livros inteiros lidos, no período de três meses anteriores à pesquisa, o percentual de leitores é ainda menor: 27%. Livros lidos por vontade própria, inteiros ou em partes e de qualquer gênero, foram lidos por 43% da população brasileira com 5 anos ou mais. A média de livros lidos no período de três meses também diminuiu, de 2,6 para 2,4. Considerando apenas livros lidos inteiros no mesmo período, é de apenas 0,82 por entrevistado. Realizada pelo Instituto Pró-Livro com incentivo fiscal pela Lei Rouanet, e patrocinada pelo Itaú Unibanco, esta edição contou com parceria da Fundação Itaú e com apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Projeto de Lei pretende regulamentar a profissão de escritor
A Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita, Fernanda Melchionna, Deputada Federal do Psol – RS, protocolou, na última segunda-feira (4), o Projeto de Lei 4227/24 que regulamenta a profissão de escritor. Com o objetivo de estabelecer um reconhecimento formal da profissão, o PL foi desenvolvido junto com diversas entidades do setor. O texto abrange as diversas formas de produção escrita, além de assegurar direitos trabalhistas à classe. Participaram da construção do projeto: União Brasileira de Escritores (UBE), Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ), Associação Gaúcha de Escritores (AGES), Academia Rio-Grandense de Letras (ARL) e Fórum Nacional das Academias Estaduais de Letras. Conforme exposto na justificativa do projeto, no Brasil os escritores ainda trabalham sob a guarda de estatutos de outras profissões, sem um estatuto próprio que estabelecesse condições de proteção e usufruto pleno de trabalho, deixando os profissionais da escrita sob a guarda de estatutos de outras profissões. “O PL 4227/24 equipara a atividade do escritor à profissão artística, incluindo os mais diversos tipos de produção: romancistas, dramaturgos, contistas, poetas, ensaístas, cronistas, autores de textos científicos e acadêmicos, roteirista, tradutores, entre outros. A equiparação garante direitos a categoria, que passaria a integrar o quadro de atividades da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”, explicou. Ainda de acordo com a Deputada Federal, o PL garante reconhecimento e direitos trabalhistas a essa classe artística. “ Os escritores e escritoras são trabalhadores que realizam uma atividade intelectual e criativa que fomenta o imaginário, a reflexão e o conhecimento de uma sociedade. São profissionais fundamentais para o desenvolvimento do processo de educação, da formação cultural, de identidade e de cidadania. Esses profissionais precisam não só de reconhecimento, mas de direitos trabalhistas assegurados”, afirmou a parlamentar.
Biblioteca Nacional é homenageada pelos seus 214 anos em sessão solene no Senado
Fonte: MinC Em uma celebração que resgatou séculos de saber e memória, o Senado Federal homenageou, em sessão solene na quinta-feira (31), os 214 anos da Biblioteca Nacional – a mais antiga instituição cultural do Brasil e guardiã de um acervo que ultrapassa nove milhões de itens. Conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a cerimônia teve como objetivo reconhecer e celebrar o papel histórico e cultural desempenhado pela instituição, que é vinculada ao Ministério da Cultura (MinC). Na ocasião, estiveram presentes a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi, e a diretora-Executiva da FBN, Suely Dias. Em seu discurso, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, enfatizou a relevância da Biblioteca Nacional como símbolo do conhecimento e guardiã de um patrimônio inestimável. “A Biblioteca Nacional não é apenas um espaço que abriga livros; ela é um repositório da memória coletiva do Brasil e está, assim, se moldando a um novo tempo, mas sem perder a essência que a torna tão especial: o amor pelo saber,” declarou. Para a ministra, celebrar essa data é valorizar um “tesouro” que representa a força do saber e da erudição brasileira. Ela destacou ainda as iniciativas de modernização e acessibilidade digital empreendidas pela FBN nos últimos anos. Com o objetivo de democratizar o acesso à cultura e ao conhecimento, ela mencionou a importância da digitalização dos acervos e o desenvolvimento de plataformas que permitem o acesso remoto ao conteúdo da biblioteca. “Hoje, assistimos à digitalização de acervos, à criação de plataformas digitais e ao desenvolvimento de iniciativas que tornam o conhecimento acessível a todos, independentemente de sua localização”, acrescentou a ministra, ressaltando o papel da instituição em tempos de informação digital acelerada. Marco Lucchesi descreveu a Biblioteca Nacional como uma “diplomacia do livro” e um motor de inclusão cultural. Para ele, a instituição atua como um espelho da diversidade e da cidadania brasileiras, refletindo a pluralidade do país. “A Biblioteca Nacional realiza a diplomacia do livro, a construção do soft power, instância de microdiplomacia, quando, através do Ministério da Cultura, nessa perspectiva internacional, eleva sua voz, com modéstia, mas com coragem e adesão”. Ele se disse honrado por liderar a instituição nesse momento histórico. “A Biblioteca Nacional é um espelho que reflete o rosto de todas as cidadanias, é um espaço de inclusão, um espaço materno, de recepção, onde todos são bem-vindos como filhos, em uma celebração da bibliodiversidade”, completou. Lucchesi também relembrou a origem da BN, que remonta ao acervo da Real Biblioteca de Lisboa, trazido ao Brasil em 1810 durante a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos, a instituição cresceu e se modernizou, passando a contar com um acervo de mais de nove milhões de itens, entre os quais se destacam manuscritos históricos, mapas, gravuras, partituras e coleções iconográficas de inestimável valor. Cada uma dessas peças constitui um fragmento essencial da memória brasileira e internacional, preservando uma herança que testemunha os diferentes ciclos da história mundial e nacional. Acervo A Biblioteca Nacional recebe anualmente cerca de 80 mil exemplares que são catalogados e disponibilizados ao público por meio do portal da FBN, graças ao trabalho dedicado e à competência de seus servidores. A diretora-executiva da Biblioteca Nacional, Suely Dias, falou em nome dos servidores e colaboradores da FBN, enaltecendo a importância da instituição para o Brasil e ressaltou as ações estratégicas da biblioteca em parceria com outras instituições e organismos internacionais. A Biblioteca Nacional do Brasil se posiciona entre as dez maiores bibliotecas do mundo, sendo a primeira da América Latina. Esse acervo, preparado com critério rigoroso de raridade e valoração patrimonial, representa a memória bibliográfica e documental brasileira, e sua preservação é um compromisso que assumimos com orgulho. Cada obra sob nossa guarda é uma peça insubstituível desse patrimônio cultural, que buscamos democratizar e tornar acessível à sociedade, sem nunca perder de vista nosso papel como guardiões dessa memória”, finalizou.
Sancionada lei que cria Semana Cultural Interescolar na educação básica
Fonte: Agência Câmara de Notícias O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, sancionou a Lei 14.988/24, que institui a Semana Cultural Interescolar, a ser promovida anualmente na primeira semana do mês de outubro em todas as escolas de ensino fundamental e médio. A lei foi publicada no Diário Oficial da União de quinta-feira (26/10). De acordo com a nova norma, a Semana Cultural Interescolar fará parte do calendário de ensino e deverá ser aberta à participação dos familiares dos alunos e à comunidade em geral. A lei também prevê a participação voluntária de artistas e de representantes da cultura popular nas atividades a serem realizadas pelos estabelecimentos de ensino. A Semana Cultural Interescolar teve origem no Projeto de Lei 1825/23, do deputado Rodrigo Gambale (Pode-SP). De acordo com o autor, a proposta “une os alunos, em uma época, infelizmente, de tanta intolerância. E ainda mais, permite aos mesmos um contato muito próximo com todas as formas de arte”.
Projeto fixa preços de livros novos
De: Agência Senado A Comissão de Educação e Cultura (CE) aprovou em turno suplementar, nesta terça-feira (29), o substitutivo oferecido ao projeto que cria a Política Nacional do Livro, que regula o preço das publicações em todos os seus formatos. O PLS 49/2015, da então senadora Fátima Bezerra (RN), recebeu relatório favorável da senadora Teresa Leitão (PT-PE) sob forma de um texto substitutivo, razão pela qual o projeto passou por nova votação. Caso não haja pedido para votação em Plenário, seguirá para a Câmara dos Deputados. O texto protege o mercado livreiro de ações de dumping Para Teresa Leitão, instituir uma política de incentivo ao mercado editorial e livreiro é medida necessária para a proteção e a promoção do ecossistema do livro. “Ao garantir que o mercado editorial brasileiro possa competir de forma justa com as grandes corporações multinacionais, hoje tão presentes nessa área, estamos investindo na pluralidade de nossa identidade e na formação de uma sociedade mais informada, consciente e crítica”, argumenta. O projeto, aprovado em primeiro turno em 15 de outubro e em turno suplementar no Dia Nacional do Livro, comemorado nesta terça, foi apelidado de “Lei do Preço de Capa”, pois estabelece que autores e editores, ao lançar um livro novo, deverão estabelecer um preço de capa que só poderá ter desconto em no máximo 10% durante o período de um ano, a partir da data de lançamento. Assim, os livros editados com International Standard Book Number (ISBN) brasileiro receberão precificação única da editora. A proposta tem objetivo de impedir a concorrência desleal por parte de grandes empresas. Segundo a autora, o projeto poderá garantir a oferta de livros ao grande público, estimulando um maior número de pontos de venda, o incremento da leitura e o reforço a uma efetiva Política Nacional do Livro, pontuou. A relatora rejeitou emenda da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) que pedia a exclusão dos livros digitais da proteção do preço de capa. “Excluir os livros digitais da regulação, ao nosso ver, não apenas ameaça a viabilidade econômica do setor editorial, como prejudica o acesso democrático ao livro e à leitura. É crucial que a lei contemple todas as modalidades, promovendo uma concorrência saudável e um acesso ao livro físico e digital que promova a pluralidade a diversidade cultural”, avaliou a relatora. Obras isentas O projeto especifica quais são as obras isentas de precificação. Nessa relação estão obras raras, antigas, usadas ou esgotadas; obras destinadas a colecionadores, com edição limitada ao número máximo de 100 exemplares; obras destinadas a instituições e entidades que possuam subsídio público. Foi aprovada emenda suprimindo da lista as obras fora de catálogo das importadoras. Teresa Leitão também manteve em seu voto emendas aprovadas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) incluindo no congelamento de preços pelo prazo de um ano as reedições de livros — e não apenas os lançamentos. Outra mudança no texto foi o aumento do escopo de associações que terão direito a entrar na Justiça para fazer valer as regras da futura lei, pedir indenizações, entre outras. Além de editores, distribuidores, livreiros e autores, associações de proteção do livro e promoção da bibliodiversidade ou difusão da leitura, constituídas há pelo menos um ano, também poderão recorrer ao Judiciário. Acesso à cultura Quando apresentou o projeto, Fátima Bezerra, hoje governadora do Rio Grande do Norte, disse que seu objetivo é fomentar a produção intelectual nacional e facilitar o acesso à cultura impressa e digital. “Indiretamente, a fixação de preço de venda do livro ao consumidor final traz como consequência o que se tem denominado de bibliodiversidade (diversidade cultural aplicada ao segmento livreiro) como meio de incentivo ao pequeno empreendedor e ampliação de pontos de venda em território nacional, o direito de acesso ao livro, à informação e à cultura”, ressaltou. Para Teresa Leitão, instituir uma política de incentivo ao mercado editorial e livreiro é medida necessária para a proteção e a promoção do ecossistema do livro. “Ao garantir que o mercado editorial brasileiro possa competir de forma justa com as grandes corporações multinacionais, hoje tão presentes nessa área, estamos investindo na pluralidade de nossa identidade e na formação de uma sociedade mais informada, consciente e crítica”, argumentou. Outras alterações A relatora propôs em seu substitutivo que a responsabilidade quanto às ações previstas para a difusão do livro passa a caber não apenas ao Poder Executivo da União, mas também dos estados, municípios e Distrito Federal. E que as determinações sobre a difusão do livro integram-se mais adequadamente à Lei do Livro (Lei 10.753, de 2003), suprimindo o artigo sobre o assunto e propondo a alteração na referida lei. A senadora também observou que o texto atual destina parcela dos recursos arrecadados a título de multa em favor da Fundação Biblioteca Nacional e em favor do Instituto Fundo de Livro, Leitura, Literatura e Humanidades, para custeio de programas de fomento ao livro e à leitura. Teresa sugeriu dar nova redação onde se prevê a destinação segundo regulamento. A senadora rejeitou ainda emenda da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) que sugeria a redução do prazo do congelamento de preço, de um ano para seis meses. A relatora propôs esse prazo de congelamento de 6 meses apenas para a publicação de reedições – e não de originais. “Ao garantir que o mercado editorial brasileiro possa competir de forma justa com as grandes corporações multinacionais, hoje tão presentes nessa área, estamos investindo na pluralidade de nossa identidade e na formação de uma sociedade mais informada, consciente e crítica”, argumenta no substitutivo. Contrários Durante a análise do turno suplementar, os senadores Rogério Marinho (PL-RN), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE) se manifestaram contra a proposta e disseram não terem tido oportunidade de apresentar outro texto substitutivo. Para eles, o texto representa um “entrave burocrático contra a livre concorrência”. Segundo que a medida vai acabar prejudicando o consumidor. — O projeto vai na contramão do espírito da livre iniciativa. Todas as propostas que foram implementadas neste país ou em qualquer lugar do mundo em que se impõe um tabelamento de preços sobre qualquer mercadoria, mesmo o
Projeto obriga estados e municípios a implantar planos para incentivar a leitura até 2028
Foto: Lançamento do livro “A vida de cão do Requis”, na Biblioteca José Andere, contemplado na Lei Paulo Gustavo de Ferraz de Vasconcelos.