Autor Marcelo Barbosa abraça sua mãe Maria do Carmo, em seu casamento com a Alice Luisa, em dezembro de 2012.
Nesse 25 de julho de 2022, completa oito anos que minha mãe faleceu, vítima de câncer no intestino. Sua barriga ficou do tamanho de uma melancia média. No dia de sua morte, eu estava cuidando dela em sua casa.
Ela gritou o meu nome dizendo que queria ir ao banheiro fazer xixi. Ao tentar levantá-la, ela não conseguia se mover, se molhando perto da cama. Liguei para as minhas irmãs e para o SAMU, e quando a ambulância chegou, realizou todo o procedimento para ela ir ao hospital. Meia hora depois minha irmã Viviane me liga dizendo que a nossa mãe tinha falecido.
“Quero fazer xixi”, foi a última frase dela para mim…
Duas semanas antes, no dia 14, era aniversário dela. Eu tinha muito medo que ela morresse no dia do aniversário. Seria muito frustrante para ela, e pelo menos, para mim.
Como comemorar à vida em um leito de morte? Como dar parabéns pelo aniversário, parabéns por mais um nascimento, quando está morrendo? É uma ironia do destino muito perspicaz. Se for para ter uma boa memória de uma pessoa que morreu, que seja pelo menos, sem sátira entre o dia da vida e da morte.
Minha mãe, morreu analfabeta. Não teve oportunidade para estudar e ao mesmo tempo não procurou. Foi faxineira, criou eu e minha irmã, fez de um barraco na favela de Heliópolis, zona sul de São Paulo, um sobrado, e antes de se aposentar, trabalhou na área de faxina em shoppings da classe social alta
Ela queria que eu fosse um profissional operacional, pois entendia que isso daria dinheiro. Porém, eu fui para os estudos. Fiz curso livre, técnico, graduação, pós, e minha recente profissão é de escritor. Sou autor do livro Favela no divã. Em alguns pontos, minha mãe acertou: Algumas áreas de estudos oferecem mais conhecimento que dinheiro.
Não tenho certeza se ela iria me apoiar atualmente, pois não iria ler o meu livro, por ser analfabeta, e por enquanto ela iria saber que eu não recebo dinheiro suficiente com essa atuação. Porém, o meu projeto literário é bom e de longo prazo!
Estou com uma ótima editora, o livro está em diversos sites para compra nacionais e internacionais, estou realizando vários eventos, a obra literária foi aprovada na Lei Rouanet, e estou na fase captação de recursos, o livro vem vendendo e com muito feedback positivo, isso tudo, com menos de nove meses de publicação.
Eu sei, a leitura no Brasil continuando desvalorizada, mas sei que nessa data, nos próximos anos, eu vou conseguir “jogar no túmulo da minha mãe”, que superei as suas expectativas. Para isso serve os escritores, artistas e gênios. Falar da suas histerias e neurores, provocando outras pessoas.
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